O poliglotismo “cria” bons desenvolvedores?
Não.
Vejo algumas concepções falaciosas em nossa comunidade que há muito já foram superadas em outras profissões. Uma delas é que dominar mais ferramentas torna o profissional melhor. Será mesmo?
Estudamos tanto lógica para aprender a programar e nos esquecemos de uma armadilha lógica básica: confundir causa e efeito com correlação. Ou, pior, caímos na falácia do Efeito pela Causa e acabamos invertendo as coisas. O fato é que quanto melhor o profissional, mais ferramentas ele vai querer explorar.
Explico: um bom desenvolvedor vai querer aprender mais linguagens para aumentar seu repertório de soluções. Um péssimo desenvolvedor pode aprender 20247232 linguagens e o máximo que conseguirá é ser um péssimo desenvolvedor em 20247232 linguagens. Causas: dedicação e proficiência. Efeito (um deles): desejo de expandir o conhecimento. E, assim, temos um ciclo virtuoso.
Não me entenda mal: eu acredito que conhecer várias linguagens é algo muito positivo. Mas também vejo acontecer um tipo de “pressão social” por isso, como se não pudessem haver preferências e predileções. É o mesmo tipo de pressão social que rola se você falar que não gosta de “The Beatles”. As pessoas vão te olhar feio, pode ter certeza (os caras foram – ou ainda são – muito fodas e mudaram muita coisa, só não fazem o meu estilo, então por favor não arranquem meu couro – e olha eu com medo da pressão). 😉
Em geral, quando eu digo que acho legal conhecer e brincar com várias linguagens mas que prefiro, de longe, desenvolver com Ruby, muita gente já “olha torto”. Veja bem, eu não quero dizer que vou escolher Ruby pra tudo for desenvolver – isso é ser cego. O que eu quero dizer é: se eu estiver num “empate técnico” durante a escolha de linguagem, vou preferir Ruby sempre (hoje, pois o futuro não se sabe, não é?). Além disso, quase sempre que eu for programar algo por diversão, vai ser nessa linguagem.
Acredito que há ótimos desenvolvedores monoglotas (que logo sentem a necessidade de expandir seu vocabulário) e péssimos desenvolvedores poliglotas. E vice-versa. Não é um requisito, é uma opção. Como diz aquela famosa frase: “Você pode escrever Fortran em qualquer linguagem”.
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